25 de Abril
Fomos assistir ao concerto das comemorações do 25 de Abril no Museu Municipal de Coruche… Ouviu-se Zeca Afonso (claro!), Vitorino, Sérgio Godinho, Fausto, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho e mais alguns temas de outros cantores de intervenção…
Entretanto numa “vídeo-wall” eram projectadas imagens da Revolução dos cravos e de temas ligados à mesma…
O avô entusiasmado, e com um brilhozinho nos olhos próprio de quem viveu tudo aquilo decifrava à Beatriz o que já em anos anteriores explicou à Raquel…
Mas esta agora “do alto dos” seus 13 anos, está mais interessada em trocar sms’s com as amigas do que “apanhar aquela seca” - palavras dela … (Não foi nada fácil aguenta-la ali até ao fim… Mas como (pelo menos por enquanto) ainda sou eu que “mando”… Lá a chamei à razão: “Afinal, eu não vou contigo “apanhar secas” para ver os Backstreet Boys, ou o Boss Ac, ou outros que tais?...” Acabou por perceber que levo muito a sério a máxima de “A Vida é dar e receber”!)
A Beatriz espantava-se como era possível, eu saber aquelas músicas todas, e mais incrível ainda gostar?!!! Lá lhe expliquei que cresci a ouvir os discos de vinil do avô (de Zeca Afonso por exemplo, têm todos!). E de alguns, como Sérgio Godinho, desenvolvi uma admiração que ainda hoje me leva aos seus concertos!
E pelo meio o Avô elucidava-a sobre as imagens… os “grafittis” do MES, Movimento que ele fundou juntamente com outros companheiros de luta… Da sua resistência contra o arremesso da polícia na TAP, e da noite que passou na Prisão porque não queria ir para a guerra colonial… Disse-lhe que estava no dia 25 de Abril de 1974 numa daquelas árvores (que a mãe já mostrou), junto ao Convento do Carmo, explicou que os cravos vieram das floristas que habitualmente vendiam na cidade de Lisboa, e naquele dia assaltadas de alegria os distribuíram ao povo e aos soldados, que as músicas "Depois do Adeus" de Paulo de Carvalho e "Grandôla Vila Morena" de Zeca Afonso eram sinais de código via rádio para as tropas avançarem... E, que antes da Revolução as pessoas não podiam estar como nós agora ali, em amena cavaqueira e convívio… Ela teve dificuldade em acreditar!
Em jeito de conclusão, porque se contasse todas as histórias do meu pai naquela época, enchia toda a “front page” do blog; percebi hoje, que quando estas gerações mais velhas partirem e os nossos filhos “tomarem conta” do país, talvez nem se festeje o 25 de Abril… É que a Revolução, as suas causas e origens pouco ou nada lhes diz… Essa é que é essa!
8 Comments:
é claro que necessitamos de liberdade, essa foi conseguida com a coragem de muitos! Mas tudo o que é demais também enjoa, nos dias que correm, não há respeito por ninguém, há cada vez mais roubos, o estado não dá o exemplo em nada, poukos são os k respeitam o o próximo, não há calma, há stress, estamos sempre com pressa, irritamo-nos com facilidade, etc. A meu ver milay, esta situação que vivemos hoje em dia é fruto de se querer ser livre muito de pressa, foi um "freedom boom"! lol
Penso que o que Portugal precisa é de outro 25 de Abril, mas do meio- termo!
Beijinhos
Cortez, quando encontrares um pescoço para ti, traz dois, é que eu tb preciso de um! eheh!
DeVoLuTiOn
Que texto bonito minha querida!
A passagem do testemunho é das coisas que mais me emociona.
Bjs mts
Minha querida River,
Tenho que concordar um pouco (mas só um pouco.. lol) contigo em relação ao desinteresse com que talvêz se venha, daqui a uns anos, a "comemorar" o 25 de Abril. Provavelmente será só mais um feriado!
Mas, River, repara que pessoas como eu e tu que ainda não eram nascidas aquando da revolução, ou que eram muito jovens ainda (respectivamente), vibram com as comemorações deste dia...Devido às histórias que nos foram passadas pelas gerações anteriores, pelos relatos na 1.ª pessoa, dos pais, dos avós (Os meus pais, por exemplo, tinham 16 ou 17 anos, mas viveram coisas arrepiantes).
Enquanto nós cá estivermos, creio (ou pelo menos, quero crer) que não ficará esquecido... Quanto aos mais jovens... Quero acreditar que quando tomarem conhecimento da importância que este dia teve, na conquista de pequenas direitos que hoje damos como certos, mas que há 32 anos atrás, não se podiam fazer com a "ligeireza" que hoje fazemos (e dizemos), irão aprender a comemorar a data com outro "carinho"... Como eu... E como tu!
Aquele abraço amigo,
Bom dia!
Pois se nem eu entendo bem o significado que possa ter hoje a comemoração de tal data...
Um grande beijo.
Qualquer cidadão Português tem um agradecimento a fazer á coragem destes homens, foram eles que encararam de frente o medo e a opressão que se viveu durante tanto tempo, que nos limitou á igorância como felicidade. A todos os que nos soltaram das amarras do silêncio e da submissão o meu obrigada por hoje poder dizer o que penso e poder escolher o caminho que quero para mim. Smile
Devolution, meu querido amigo ribatejano: Pois, mt vezes as mudanças de regime pagam-se de outras formas... De qq modo, julgo q viver sem Liberdade é o pior dos males, e nós, eu, tu e todas as gerações pós-25 de Abril, nem sabemos o q isso é! Essa é q é essa!
Engraçado, ultimamente oiço mt gente reclamar esse "novo" 25 de Abril!...
beijinhos
Sissi my love: Bem!!! Esse comentário vindo de ti, é um elogio daqueles!!!! Babo-me toda!!! :)))
beijinhos, mt, mt, mt
Xanocas; Espero q seja como dizes miuda! Espero mesmo!... Mas ñ estou tão certa disso... As minhas crias recebem toda essa informação, ainda assim ñ sei se irão dar continuidade à comemoração da data... Qto mais, aqueles miudos a quem os familiares nada lhes transmitem...!
Veremos...! Ou já ñ veremos! :)
aquele abraço
Naoseiquenomeusar, sempre controversa minha cara! Nós gostamos de ti assim! :)))
beijinhooooos
Smile amiga do coração, Disseste tudinho! Eu assino em baixo! :)
(tenho saudades tuas, bolas! :))
xi-coração
este texto faz-me lembrar eu mesma, com 13 anos, a ouvir o meu pai explicar lá em casa o que se estava a passar.
não com tanto entusiasmo, com uma ruga de preocupação vincada na testa. A minha mãe sim, com o tal brilho nos olhos :)
O ultimo paragrafo fez-me lembrar um telefonema de uma "avó" que ligou para o Goucha e estava a contar que o neto, quando ela lhe explicou que o 25 de Abril foi muito bom, porque antes isto estava muito mal, ele voltou-se para ela e disse: Oh avó, tens que explicar isso muito bem, porque tu passas a vida a dizer que isto cada vez está pior.
Lá está, o que se conquistou com o 25 de Abril, apesar de ter sido bom e ter mt significado para quem nasceu antes (mesmo que, como eu, tenham sido apenas alguns meses antes), mas para os restantes dá apenas para pensar que o pais vai de mal a pior...
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