Todos diferentes... Todos iguais (?)

O Dia 21 de Março é cheio de simbolismos… além de “oficialmente” começar a Primavera, é o Dia Mundial da Poesia, é o Dia da Árvore e da Floresta e é também o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial!

Assinalando este dia, hoje a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR). estrutura que depende do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME), diz ter recebido nos últimos seis anos 190 queixas, apresentadas por pessoas singulares ou por associações de imigrantes e relacionadas com discriminação e racismo nos locais de trabalho, na rua, nos hospitais e escolas. Mas apenas duas resultaram em coimas!

O que é preocupante… Afinal somos ou não um povo racista???... Numa época em que os grupos de "skinheads" tem cada vez mais aderentes…O Partido Nacional Renovador (PNR), congénere da Frente Nacional Francesa liderado por Le Pen; criou uma “Jota”, a Juventude Nacionalista, definindo como objectivo chegar aos estudantes das Escolas Secundárias…

Embora, considere que por mim faço o “trabalho de casa”, transmitindo às minhas crias valores de tolerância e respeito pelo próximo, assusta-me o rumo que a sociedade leva…
Por outro lado, acabo por perceber determinados sentimentos de revolta a que assisto… Como o caso dos habitantes de Coruche perante a comunidade cigana que há uns anos ali se instalou…
É que a questão não é serem de raça cigana, ou qualquer outra, mas pura e simplesmente não fazem esforço algum para se integrarem e viverem de acordo com as regras da terra que adoptaram! Aí compreendo quando na fase das reportagens das TV’s, o povo coruchense se indignou com Manuela Moura Guedes ao chamar-lhes racistas e contrapôs dizendo: “tivesse a Senhora estes fulanos à sua porta a destruir, roubar e agredir… e depois nos diria se era tão compreensiva!”

Entendo o povo de Coruche, porque observo os meus amigos cabo-verdianos de quem gosto muito, com quem me dá prazer conviver, e que são trabalhadores contributivos para o crescimento do nosso país! E cujas filhas foram ambas colegas das minhas, e por sinal excelentes alunas, lutadoras na procura do futuro promissor que os seus pais não puderam ter!

Não sou racista, até porque desde que nasci assisto à união que existe entre o meu pai e o povo angolano, que também a mim sempre recebeu de braços abertos… Mas temo que o futuro deste país (tal como outros) seja assolado por uma onda xenófoba, se pensarmos na actual situação financeira e social do país… É que o crescimento de marginalidade num país é inversamente proporcional ao declínio das condições de vida, da economia e da estabilidade social!